CRIMES DE GÊNERO E A MÍDIA: COMO A MULHER AGREDIDA É CULPABILIZADA EM MANCHETES DE JORNAIS
Resumen
Após 13 anos de vigência da Lei 11.340/2006, mais conhecida como Lei Maria da Penha, o Brasil
enfrenta um cenário alarmante de crimes violentos contra mulheres. Reflexo de uma cultura
patriarcal e machista que oprime as diferenças em favor de padrões sociais estabelecidos, a luta
pela igualdade de gênero ainda enfrenta resistência. A mídia possui grande participação na
naturalização desse processo reproduzindo conceitos em vigência. Para demonstrar isso, esse
trabalho apresenta através de manchetes de jornais online de Rondônia como o crime de violência
contra a mulher é retratado de forma a culpabilizar as vítimas. Nesse ínterim, traz à luz dos Direitos
Humanos o que vem sendo debatido no âmbito internacional sobre o combate à violência contra a
mulher, com base na Declaração Universal dos Direitos Humanos e na Lei Maria da Penha,
orientadas pelo pensamento de Bourdier, Saffioti, Frederici, etc. Traz-se a realidade de Rondônia
pelo fato do estado ocupar o quarto lugar no mapa brasileiro do estudo de índice da violência
doméstica contra a mulher. Apesar das leis e tratados que visam a igualdade e o respeito aos direitos
humanos estabelecerem o reconhecimento da dignidade inerente a todos, tal ideal ainda não foi
alcançado no Brasil. Práticas machistas permeiam a vida das mulheres, atentando contra suas vidas
e figurando como a própria justificativa em si para a violência cometida contra elas. Estudos nesse
sentido são importantes por destacarem a necessidade de refletir que não se trata apenas da
aplicação de medidas punitivas contra a violência, mas sim, políticas públicas efetivas de educação
e conscientização de toda uma comunidade para a transformação dos discursos, inclusive
midiáticos.