O QUE PODE UM CORPO DEFICIENTE?: SINAIS DE SUBJETIVIDADE
Resumen
A discussão sobre o corpo é um tema recorrente. A questão “O que pode um corpo?” é o fio condutor e disparador das
reflexões que atravessaram todo o conteúdo dessa pesquisa. A mesma foi arrebatada por alguns conceitos tratados por
Deleuze, Guattari e Foucault, autores que discutem os conceitos de norma, discurso, disciplinarização de corpos e processos
de singularização e subjetividades que – queiramos ou não – mostraram-se bastante úteis nas questões que nos interessam.
O presente recorte é fruto de uma pesquisa antropológica de doutorado realizada junto à comunidade de surdos do Rio de
Janeiro-Brasil. Foucault em seus trabalhos aponta para a questão de como o corpo – ao menos desde o século XVI – serviu
na formulação de um saber, de um discurso de poder. A discussão sobre o corpo também pode vir atrelada ao conceito de
identidade quando alguns autores apresentam categorias como terceira idade, crise da meia idade, para citar apenas
algumas, nas quais o tempo do corpo – marcado pela idéia biologizante da idade cronológica – se apresenta como um
elemento que se enoda a outros que possuem configurações que assemelham o corpo do jovem, o corpo do idoso, o corpo
feminino, o corpo deficiente… No caso das pessoas surdas, esse corpo não só é marcado historicamente pela proibição de
usar a língua de sinais – o que se assemelha a um genocídio social. Desse modo, pudemos verificar ser a resistência de um
grupo social organizado por lideranças o que revela forças subjacentes aos estereótipos/imposições encontrados no
imaginário social, bem como a forma como são representados em instituições sociais como família e escola. Assim, o grande
objetivo das lideranças, além da confrontação das lógicas próprias a mundos próprios diferentes, se constitui na possibilidade
de transformação da “identidade estigmatizada” em uma “identidade respeitada e valorizada”.