EM BUSCA DOS DIREITOS HUMANOS: A IMPORTÂNCIA DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO NA LUTA CONTRA O FEMINICÍDIO
Resumen
Dados das Nações Unidas mostram que o Brasil é o quinto país que mais mata mulheres no mundo.
Treze mulheres são assassinadas por dia no Brasil; a cada dois minutos, cinco mulheres são
espancadas e a 11 minutos ocorre um estupro. A cada três horas é registrado um feminicídio. Este
artigo tem como objetivo analisar a cobertura do portal de notícias brasileiro G1 sobre feminicídio, o
assassinato de mulheres por serem mulheres, a partir de um caso que teve ampla repercussão no
Brasil e até no mundo: a morte da advogada Tatiane Spitzner em julho de 2018. Quais efeitos de
sentido foram produzidos pelo portal sobre esse assunto? E o que isto tem a ver com os direitos
humanos? O estudo utiliza a Análise Crítica da Narrativa que entende o texto jornalístico como
gênero narrativo construtor de significados. O corpus desta pesquisa será constituído por quatro
textos, selecionados entre os dias 22 de julho e 8 de agosto de 2018. O portal G1 utiliza citações de
fontes oficiais, expressões linguísticas e tempos verbais no presente e passado para referenciar e
produzir o efeito de sentido do real tão defendido pelo jornalismo. Os resultados sugerem que o foco
da narrativa recai sobre o antagonista da estória, Luís Manvailer, destacado como “o marido,
professor universitário, lutador faixa roxa de Jiu-Jitsu”, enquanto a personagem principal da narrativa,
Tatiane Spitzner, não é referenciada como vítima. O relato construído desconsidera o ponto de vista
dos direitos da pessoa humana e silencia outras vozes que poderiam esclarecer as circunstâncias
do episódio.